Capítulo 53
HENRIQUE
O meu coração disparou assim que a vi totalmente nua, a sua tentativa de se tapar o mais rapidamente possível não foi bem conseguida, ou pelo menos totalmente. Cada curva do corpo da Alice deixa-me sem fôlego, ela é tão bonita. Em comparação com todas as outras miúdas com quem andei ela é sem dúvida alguma a mais bonita, a mais doce, mas o que mais me chama a atenção nela, é a sua autenticidade. As outras raparigas são falsas, plásticas, tem as suas atitudes moldadas pela sociedade, mas a minha Alice não, ela é como é, faz o que acha melhor, demonstra os seus sentimentos genuinamente e não tem medo do olhar das pessoas que a rodeiam.
Quando saí da casa de banho, arrependi-me instantaneamente. Ela estava ali, só para mim, como eu sempre esperei desde que a conheci e eu feito parvo deixei-a escapar. Talvez seja melhor assim, talvez esteja a apressar demasiado as coisas, contudo, ainda não me consegui habituar a esta ideia, à ideia de que tenho de lutar por tudo aquilo que quero quando me refiro a ela e à nossa relação. Sempre tive todas as raparigas na palma da mão, quando e onde queria, mas agora com ela é diferente, porque ela não me vai dar o que eu quero só porque eu quero, ela vai obrigar-me a merecer isso. Esta é a Alice, a Alice que num momento me deixa perdido de amor e no outro me deixa num extremo estado de loucura.
- Henrique!?
Uma voz chamou-me fazendo-me perceber que ainda estava especado em frente à porta da casa de banho. Voltei-me para trás para ver quem era.
- O quê que estás a fazer em frente à porta da casa de banho?
- Incomodo-te? - perguntei rudemente. Alias, com a Inês esta passou a ser a minha única forma de falar. Estou farto dela, farto de a ver magoar a própria irmã e de a ter à perna a chatear-me o juízo. Em comparação com a Alice, ela é o diabo em forma de gente, que às vezes consegue disfarçar-se de anjo, mas eu não caio nessa cilada.
- Desculpa, eu só vinha a passar e...
- Vinhas a passar e tinhas de vir logo falar comigo! Atina miúda, eu não curto de ti, nem um bocadinho, por isso deixa-me em paz!
- Sim, eu só ia mesmo a passar para tua informação e que eu saiba não é costume ver-se alguém especado em frente a uma casa de banho!
- Tu não tens nada a ver com o que eu estava a fazer, eu não te devo qualquer tipo de justificações! Qual é a parte de "eu não curto de ti, nem um bocadinho" que tu ainda não entendeste!?
- Olha lá oh palhaço! Mas eu por acaso falei mal para ti? Não! Por acaso disse alguma coisa de mal? Também não! Por isso agradecia que me tratasses com o mínimo de respeito! - gritava ela com o dedo indicador levantado no ar como uma varinha de condão.
- Respeito!? Ahahah! Tu fazes-me rir pitinha! Respeito, foi tudo aquilo que tu não tiveste nem por mim, nem pela tua irmã! Tu não mereces respeito Inês, depois de todas as porcarias que tu arranjaste para ver a tua irmã sofrer, tu não mereces nada, nem que ela fale contigo sequer! - Esta miúda consegue tirar-me do sério apenas abrindo a boca. Eu não consigo entender como é que alguém pode ser tão tapada, ao ponto de não entender que eu não gosto dela, que eu não a posso ver à frente, não entendo.
- Tu não entendes mesmo pois não!? - perguntou-me ela aproximando-se de mim. Tentei afastar-me acabando por colidir com a porta. Posso afirmar que estou a ficar assustado.
- Não entendo o quê!? Que és uma louca!?
- Como é que tu não consegues perceber que eu fiz tudo isso por ti! Porque te amo porra!
Estou completamente perdido com o que acabei de ouvir, não consigo perceber o que vai na cabeça daquela rapariga. No momento em que a gémea endiabrada se calou a porta atrás de mim abriu-se quase me fazendo cair.