Capítulo 46

INÊS

Deixei de ver a minha irmã depois de me ter afastado com o Enzo para o centro da pista, nós estamos a divertirmo-nos bastante com os meus colegas da escola.

- Babe eu vou à casa de banho. - gritei eu para que o meu namorado me conseguisse ouvir.

- Okay, eu fico aqui, não demores! - berrou ele de volta.

No caminho para a casa de banho consegui ver o cabelo loiro e encaracolado do António no meio da multidão, aquele rapaz é mesmo giro. O grupo do Henrique parecia estranho, e nem ele nem a minha irmã estavam lá.

- Alice o quê que estás a aqui a fazer? Tu não estavas com um vestido preto!? - perguntou-me uma rapariga puxando-me pelo braço enquanto eu tentava passar pelo meio das pessoas a dançar.

- Eu não sou a Alice, sou a Inês a irmã gémea dela. Onde é que ela está!? - perguntei eu para a rapariga loira à minha frente.

- Ah, eu não sabia que a ... que a Alice tinha uma irmã gémea. - disse ela revirando os olhos. - Ela foi o com Henrique embora depois de um gajo ter tentado curtir com ela. Não sei muito bem porquê que ele tentou fazer isso com ela, mas pronto, quando não se tem um objetivo, o que vem à rede é peixe!

- O quê que tu quiseste dizer com isso, oh loira oxigenada!? - perguntei eu aproximando-me dela.

- Quis dizer que tu e a tua irmã são duas pitinhas irritantes e que nunca se deviam ter juntado a este grupo!

- Se tu voltas a dizer outra coisa que seja sobre mim ou sobre a minha irmã eu juro que não respondo por mim! Cobra!

- Ou, ou, ou, meninas calma! - exclamou o António agarrando na loira oxigenada pela cintura. - Não quero mais problemas esta noite, já bastou o Henrique!

- Eu só quis saber da minha irmã, mas esta ... esta gaja, começou logo a insultar-nos...

- Então Vi, não podes ser assim para a menina. - disse ele de forma cínica.

- Pronto já vi que o Henrique só tem amigos parvos! És mesmo estúpido meu! Sabes da minha irmã ou não? - perguntei irritada.

- Eles saíram os dois, pela porta sabes... ali ao fundo... - continuava ele no gozo.

Olhei para ele com um olhar de desdém e ao passar pelo seu lado em direção à saída dei-lhe um encontram. Detesto este tipo de rapazes que se armam em machos só para se mostrarem em frente a raparigas que ainda são piores do que eles. Que ódio!

Dirigi-me à saída e só aí me apercebi de que estou completamente aflita para ir à casa de banho, mas agora preciso mesmo de saber da minha irmã. Olhei em frente e lá estava ela e o Henrique parados a olharem para o parque de estacionamento que fica em frente à discoteca.

- Alice! - gritei. Mas a minha irmã não me ouviu, ela nem sequer mexeu a cabeça para olhar para mim, por isso, corri na sua direção. - Mana, então já vais embora!? - perguntei ao chegar perto dela.

- Alice o que se passa? Estás a assustar-me! - exclamou o Henrique enquanto lhe puxava pelo braço como se a estivesse a tentar acordar de um transe.

Olhei para a minha irmã novamente e os seus olhos estavam encharcados, não entendo o que se passa, talvez seja por causa do que aconteceu lá dentro.

- Alice!? - chamei eu.

- Eu não acredito, não pode ser verdade! - repetia ela vezes e vezes sem conta.

- O quê que não pode ser verdade amor? O que se passa? - perguntava o Henrique, sempre com aquele olhar sedutor.

Orientei o meu foco de visão para onde a minha irmã estava olhar e só aí percebi o que estava a acontecer e porquê que ela estava daquela forma. Fiquei sem reação, o meu corpo estava imóvel, não consigo entender o que se está a passar em frente dos meus olhos.

- Aquela é a mãe do... - perguntei eu à minha irmã.

- É! - respondeu ela soltando uma lágrima.

- Mas vocês estão a falar de quem? - perguntou o Henrique.

- Olha! - disse eu apontando para o carro do meu pai.

Dentro do carro preto é possível ver o meu pai sentado no banco do condutor e a Tânia sentada no lugar do ocupante, os seus lábios estão grudados e as mãos dele percorrem os seus longos cabelos escuros. Ele tinha-nos dito que iria ficar a trabalhar até mais tarde, há quanto tempo é que toda esta situação dura.

- Alice aquela é a mulher que estava no outro dia em tua casa? - perguntou o Henrique.

- Eu não tenho a certeza, mas é muito provável que seja! - exclamou a minha irmã. Não entendo do que estão a falar, em que dia é que ela esteve em nossa casa, eu estou completamente perdida.

- Mas quem é aquela mulher Alice!? - perguntou o Henrique desesperado.

- É a Tânia, a tua tia Tânia, a mãe do Tiago e do Afonso! - respondeu ela enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Todos os direitos reservados 2019
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora