Capítulo 39

ALICE

Depois de procurar pelo meu pai e de não o encontrar em parte alguma da festa, eu e o Henrique voltamos para casa, estou exausta, o dia foi incrível, tirando a última parte, mas, apesar desse pequeno pormenor, foi o melhor presente que o Henrique me poderia ter dado.

Assim que chegamos em frente à fachada de minha casa, o meu namorado perguntou-me se podia entrar para se despedir de mim.

- Sim, acho que sim. - respondi eu. Sinto as minha bochechas começarem a corar novamente. Começo a habituar-me às várias ações inesperadas do meu corpo.

- Achas, não tens a certeza?

- Entra lá! - exclamei eu puxando-o pela T-shirt.

- Já, assim tão rápido Alice? Calma, ainda estamos no meio do condomínio!

- Henrique! - exclamei eu. O seu tom brincalhão não me deixou manter séria.

- Sim, diz lá! - disse ele puxando-me para junto do seu corpo, sorrindo.

- Tu não existes!

- Mas tu existes, e se existes! Meu Deus do céu Alice, eu não aguento! - ele olhava-me de cima à baixo.

- Vá, já chega! Vamos entrar, tenho frio.

- Pois, claro que tens frio, estando uma noite de vinte e cinco graus é super normal ter frio... - gozava ele.

- Cala-te estúpido, anda! - dizia eu enquanto o puxava para a porta.

Peguei na mala e de lá retirei as chaves de casa, para meu espanto, a porta não estava trancada, o que quer dizer que alguém está lá dentro, muito provavelmente será o meu pai. Entramos e dirigimo-nos ao meu quarto, passando pela sala deu para entender que não era naquela divisão que ele estava. Enquanto subíamos as escadas, o Henrique ia passeando as suas mãos pelo meu corpo, numa tentativa de me...

- Eu quero ficar contigo! - ouvi o meu pai dizer. A voz vinha do seu quarto e parecia tenso.

- Alice porquê que paraste? - perguntou o Henrique bastante alto.

Voltei-me para trás e olhei para ele numa tentativa de fazê-lo perceber de que algo estava a acontecer, juntei o dedo indicador aos lábios para que ele percebesse que tinha de fazer silêncio. A sua expressão parecia desorientada, ele não tinha entendido nada, disso posso ter a certeza.

O meu pai calou-se e ouvi a porta do seu quarto fechar. Não entendo o que se tem passado com ele, ultimamente tem estado muito pouco tempo connosco, e já não é a primeira vez que esta mulher está cá em casa, pelo menos eu penso que é a mesma, aliás, eu espero ser a mesma.

Puxei o Henrique para o meu quarto e fechei a porta atrás de nós, sinceramente não sei bem como estou agora, sinto-me desamparada, sinto que fui deixada pelo meu próprio pai.

- Alice eu não estou a entender nada, importaste de me explicar o que se passa por favor!? - pediu-me ele enquanto andava para trás e para a frente.

- O meu pai está no quarto...

- E então, qual é o mal de ele estar no quarto?

- Ele está no quarto com alguém, e eu aposto que é uma mulher.

- Uma mulher? Mas ele tem alguém?

- Eu não sei Henrique! Mas já não é a primeira vez que vem uma mulher cá a casa, aliás, não é a primeira vez que uma mulher dorme cá em casa... - mantenho-me encostada à porta, o meu corpo não se consegue mover, para mim, tudo isto é como uma traição à minha mãe, ela morreu há seis anos, e para mim foi como se fosse ontem, não entendo como é que o meu pai consegue envolver-se com outra pessoa assim tão facilmente, a não ser que...

- Alice em que pensas? Pareces estranha.

- Eu não sei, isto é só uma suposição, suposição que espero estar errada.

- Que suposição Alice, fala de uma vez!

- E se ele ... e se eles já estavam juntos...

- Tu estás a dizer que ele tinha uma amante enquanto a mulher estava às portas da morte!? - não percebo como é que ele às vezes consegue ser tão insensível. - Desculpa, desculpa a sério, não devia ter dito desta maneira.

- Pois, não devias mesmo!

- Mais uma vez desculpa princesa! Anda, vem comigo.

- Onde?

- Vamos para minha casa, estás melhor lá!

O Henrique abriu o meu armário e retirou de lá um pijama e uma muda de roupa para o dia seguinte.

- O que estás a fazer? - perguntei eu.

- Estou a arranjar-te uma muda de roupa, ou queres vestir a minha?

- Para quê!? - indaguei eu incrédula.

- Para dormires em minha casa, nem penses que te deixo aqui sozinha! - disse ele enquanto guardava a roupa toda amarrotada dentro da minha mochila.

- Dormir em tua casa? Henrique está lá o Tiago! - lembrei-me eu.

- Não, ele foi para um hotel, acho que a mãe veio para cá com o irmão, mas eles não querem ficar em minha casa, problemas de família.

- Tens mesmo a certeza!?

Ele não me respondeu, apenas olhou para mim com um sorriso no rosto e beijou-me a testa.

- Eu já te disse que te amo muito hoje!? - perguntou-me ele.

Retribuí o sorriso.

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