Capítulo 19

HENRIQUE

Quando senti os lábios da Alice tocarem nos meus, o meu coração acelerou, agarrei-a pela cintura e levantei-a para que ficasse da minha altura, ela é de uma leveza inexplicável, não que seja muito magra, ela tem o corpo perfeito, mas é tão pequena em relação a mim, tão incrivelmente proporcional, eu nem sei, sinto que as hormonas vão fazer o meu corpo explodir a cada segundo que passa.

- Henrique, eu amo-te!

O que foi isto? Ela disse que me ama! Apertei-a ainda com mais força, não quero que este momento acabe nunca, não me quero separar dela, ela fez-me ver a vida de uma forma diferente, fez-me entender que não preciso de mostrar ser mais do que aquilo que sou, só para que gostem de mim, fez-me ver que sozinho não sou nada e que preciso de alguém que me ame verdadeiramente, que não me use só para o sexo, fez-me perceber que tudo aquilo que eu fiz com as outras raparigas era errado, mas acima de tudo fez-me ver que um beijo só é realmente incrível quando beijamos com amor.

- Eu amo-te Alice, amo-te mesmo! Acreditas em mim!? - perguntei ainda ofegante pousando-a no chão.

- Acredito Henrique, é claro que acredito! - respondeu-me sorrindo.

Aquele sorriso deixa-me louco, as suas bochechas ainda rosadas faziam o meu corpo suplicar por mais um beijo daqueles lábios. Quero tê-la só para mim, sentir o seu toque, o seu sabor, o seu cheiro. Quero-a ter comigo para sempre, eu preciso dela. Todos estes dias passados sem ter qualquer noticia da sua existência deixaram-me num estado lastimável, não tinha apetite, não conseguia dormir, passava os dias a tentar descobrir quem era a tal cantora para que pudesse fazer-lhe uma surpresa, mas falhei completamente, o que acabou por ter piada.

Ajoelhei-me diante dela, sentia a sua mão a tremer e via as suas bochechas corarem.

- Alice, queres namorar comigo!? - nunca fiz esta pergunta a ninguém, os meus lábios estavam secos, as minhas pernas tremiam. Será que é isto o tal sentimento chamado "amor"?

- Sim, claro que quero namorar contigo Henrique!

Foi dos momentos mais bonitos de toda a minha vida, se não o mais bonito, depois de mais uns beijos e abraços em frente ao grandioso aquário decidimos passear pelo resto do oceanário.

- Henrique, Henrique olha, tartarugas!

- Calma Alice, não corras se não vais... - tarde de mais, nem tinha acabado a frase já a Alice estava no chão. - Estas bem!? - perguntei eu a rir-me.

Ela olhou para mim com cara de desconfiada, por um lado tinha razão, mas aquela queda teve mesmo muita piada.

- Desculpa eu estar a rir-me, mas ...

- Teve piada não é!? Eu sei! - riu ela perdidamente.

Ao pé de nós estava uma turma de meninos do primeiro ciclo, todos se riram dela, mas assim que olharam para mim e viram que fiz cara de mau para eles pararam logo. Não podia deixar que se rissem da minha namorada, só eu é que tenho esse direito.

"Namorada", é essa a palavra que posso usar para designar a rapariga de cabelos castanhos e olhos azuis que está à minha frente, sentada no chão gelado e a olhar para mim.

Ela levantou-se lentamente do chão, tentei ajudá-la, mas, como sempre, a sua resposta foi não.

-Então, onde vamos agora!? - perguntou-me ela enquanto me dava a mão.

- Não sei, tens alguma ideia? - respondi. - é a primeira vez que tenho uma namorada, não sei o que fazer, estou completamente às cegas no que toca a relações.

- Humm, podíamos ir até minha casa, a Inês está lá a fazer a festa com as amigas e eu não sei se aquilo está a correr muito bem, estou com medo de que me entrem no quarto. Ah e também não tenho o meu telemóvel comigo!

- É, eu sei que não estás com o teu telemóvel, tentei ligar-te no fim do almoço, mas foi ela que me atendeu, ainda não falaste com ela pois não!?

- Não, não falei e não vou falar, talvez o pior castigo que ela possa ter é ver-nos a entrar juntos e de mãos dadas pela porta da entrada!

Ela tem razão, pode ser que desta vez aquela rapariguinha irritante perceba que eu só gosto da sua irmã e que agora ela é minha, a minha Alice, a minha namorada!